Sertanejo: origem, fases (raiz, romântico, universitário), artistas, instrumentos, playlists, festivais e críticas

Lembro-me claramente da vez em que entrei no Parque do Peão, em Barretos, antes do amanhecer, com os ouvidos ainda latejando da última música que tocara na arena. Tinha 24 anos, era jornalista em turnê, e naquela madrugada percebi algo que até então só sentira em gravações: o sertanejo é voz, é chão, é memória coletiva. Na minha jornada, aprendi que entender o sertanejo exige ouvir artefatos — discos, modas de viola, shows — e conversar com quem vive essa cultura nos interiores e nas cidades grandes.

Neste artigo você vai entender: a origem do sertanejo, suas principais fases (do raiz ao universitário), os artistas e instrumentos-chave, por que o gênero domina grandes palcos e rádios, críticas comuns e como aproveitar melhor a música — em playlists, shows e conversas. Vou ainda indicar discos, lugares e responder dúvidas frequentes.

O que é sertanejo e de onde veio

A música sertaneja nasceu do contato entre as tradições rurais brasileiras — modas de viola, cantos de trabalho, violeiros — e as formas populares urbanas. No começo do século XX, duplas como Irmãos Cornélio e, depois, Tonico e Tinoco, consolidaram o gênero que ficou conhecido como sertanejo ou caipira.

Por que isso importa? Porque o sertanejo não é só um estilo musical: é registro social. Seu repertório traz histórias do campo, da família, das festas e das saudades.

Principais fases do gênero

  • Sertanejo raiz (caipira): ênfase na viola caipira, letras que narram a vida rural. Ex.: Tião Carreiro, Almir Sater.
  • Sertanejo romântico (anos 80/90): duplas tradicionais que migraram para arranjos mais modernos. Ex.: Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano.
  • Sertanejo universitário (2000s em diante): mistura com pop, forró e eletrônico, voltado ao público jovem e a grandes shows. Ex.: Jorge & Mateus, Gusttavo Lima, Marília Mendonça.

Instrumentos, sonoridade e letras: o que ouvir atentamente

O timbre da viola caipira é a assinatura do raiz. Nos arranjos modernos, a guitarra elétrica, teclado e percussão ganham espaço. Mas o que realmente guia o ouvinte são as letras: amor, perda, festa, tradição e existência no interior.

Quer entender uma canção? Preste atenção na narrativa: é confessionária? É memória coletiva? A resposta muda a percepção da música.

Artistas e álbuns essenciais (para começar)

  • Tonico & Tinoco — clássicos de raiz (coletâneas com os maiores sucessos).
  • Chitãozinho & Xororó — álbuns dos anos 80/90 que aproximaram o sertanejo do grande público.
  • Almir Sater & Renato Teixeira — referências para os amantes da viola e da poesia do interior.
  • Jorge & Mateus, Marília Mendonça, Gusttavo Lima — artistas que definiram o sertanejo universitário moderno.
  • Bruno & Marrone, Zezé Di Camargo & Luciano — cantores de platôs e emoções fortes.

Por que o sertanejo virou fenômeno nas rádios, streaming e shows

Uma combinação de fatores explica o sucesso: letras que falam de sentimentos universais, fácil assimilação melódica, forte presença em festas e rodeios, e investimento pesado em shows e turnês. Festivais como Villa Mix e o Rodeio de Barretos ampliaram o alcance nacional.

Além disso, a adaptabilidade do gênero — incorporando elementos pop e eletrônicos — permitiu que novas gerações se conectassem com as canções.

Controvérsias e críticas (transparência)

O sertanejo também é alvo de críticas legítimas. Alguns apontam a comercialização exagerada, letras que romanticizam comportamentos problemáticos e a diminuição do espaço para formas mais tradicionais (raiz). Outros celebram a diversidade sonora e a ampliação de vozes, inclusive femininas, no gênero.

Minha leitura: as críticas ajudam a evoluir. Podemos curtir o ritmo e, ao mesmo tempo, cobrar letras e representações melhores.

Como montar uma playlist de sertanejo que funcione

Quer criar uma playlist que agrade diversos públicos? Misture eras e subgêneros:

  • Abra com uma moda de viola (raiz) para contextualizar.
  • Inclua clássicos românticos para os fãs das décadas passadas.
  • Intercale hits modernos (universitário) para manter energia e familiaridade.
  • Adicione faixas acústicas ou voz e violão para momentos íntimos.

Sugestão prática: 50% modernos, 30% clássicos, 20% raízes. Teste e ajuste conforme o público.

Onde sentir o sertanejo ao vivo: festivais e cidades

  • Rodeio de Barretos (SP) — referência nacional para festivais e shows de grande porte.
  • Villa Mix — circuito de grandes festivais que circula pelo país.
  • Bares e casas de sertanejo nas capitais — experiência mais próxima e íntima.

Dica de quem já foi: chegue cedo, respeite os espaços (mutirão de gente e som alto) e aproveite para sentir o repertório entre a galera — é aí que a música vive.

Como falar sobre sertanejo sem parecer leigo

Use termos simples: cite a diferença entre “raiz” e “universitário”, mencione a viola caipira e explique a evolução sonora. Pergunte ao seu interlocutor sobre artistas preferidos e repertórios marcantes — a conversa vira descoberta.

Perguntas frequentes (FAQ rápido)

O que diferencia sertanejo raiz de universitário?

O raiz privilegia viola e temas rurais; o universitário mistura pop e outros ritmos, com foco no público jovem e em shows grandiosos.

O sertanejo é só música para festas?

Não. Embora seja muito presente em festas, o sertanejo também tem canções de profunda introspecção e poesia, especialmente nas vozes da tradição raiz.

Quais instrumentos são essenciais?

Viola caipira, violão, guitarra, acordeão (ocasionalmente) e uma seção rítmica moderna em produções contemporâneas.

Como começar a ouvir se nunca escutei?

Comece com uma playlist mista: duas faixas raiz, três clássicos românticos e cinco hits atuais. Depois, aprofunde-se nos artistas que te tocarem mais.

Conclusão

O sertanejo é um universo que revela o Brasil: suas paisagens, afetos e transformações. Entender o gênero pede escuta atenta, comparação entre épocas e abertura para debatedores. Resumindo: conheça as raízes, ouça os clássicos e não tenha medo de se envolver com o novo.

FAQ rápido: principais diferenças entre raiz e universitário; artistas essenciais; onde ouvir e como montar playlists — respondidos acima.

Minha recomendação prática final: vá a um show ao vivo (Barretos, Villa Mix ou uma casa local), converse com fãs e violeiros, e permita que a experiência altere seu repertório emocional. A música funciona melhor quando é vivida.

E você, qual foi sua maior dificuldade com sertanejo? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!

Fonte e leitura recomendada: artigo sobre a história e evolução do sertanejo no G1 (https://g1.globo.com) e a página da Wikipédia sobre Música sertaneja (https://pt.wikipedia.org/wiki/Música_sertaneja).